No serviço de Pneumologia do CHBV existe uma sala de Provas Funcionais Ventilatórias
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1 aparelho de pletismografia
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1 aparelho de teste de difusão do monóxido de carbono
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1 aparelho de espirometria
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Prova da marcha dos seis minutos
Localização: Bloco 6/8, 3º piso, UTA
A Espirometria
O exame mais básico que realizamos é a Espirometria, o que permite num doente com DPOC:
- Diagnosticar e acompanhar a evolução da doença.
- Avaliar o grau de incapacidade pulmonar.
- Determinar os efeitos da exposição ocupacional em doenças profissionais.
- Identificar o risco para a realização de certos procedimentos cirúrgicos.
- Avaliação da resposta ao tratamento.
As informações mais importantes que se obtém no exame são:
Débitos aéreos | Características |
CVF | Capacidade Vital Forçada– correspondeà quantidade de ar eliminada após se encher o pulmão ao máximo e esvaziar o máximo. Pode estar normal ou diminuída na DPOC. |
FEV1 | Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo.
Permite caracterizar a gravidade da DPOC. Podem existir valores normais nos estádios iniciais da doença. |
Índice Tiffeneau | Calcula-se com a divisão do FEV1 com o valor do CVF do indivíduo. É este valor que determina a presença de DPOC. Só faz diagnóstico se o seu valor for inferior a 0.7. |
Nas fases iniciais da doença, o doente pode apresentar valores pouco ou nada alterados em relação ao normal, traduzindo o menor impacto da doença na função pulmonar e nos sintomas, pelo que pode até nem referir nenhuma queixa e andar aparentemente bem da sua vida. No entanto, com a realização de exames seriados (ou seja, ao longo do tempo), consegue-se obter uma visão global da evolução da função pulmonar e detetar quando esta começar a agravar.
Para se poder concretizar o diagnóstico de DPOC é necessário que o Índice de Tiffeneau-Pinelli seja <0.7, após realizar o teste de resposta ao broncodilatador, com a inalação alguns minutos antes de um fármaco inalado (o Salbutamol). Esse resultado significa que existe obstrução nas vias aéreas e, por isso, o ar expirado é inferior ao de que uma pessoa sem a doença exala. A realização deste exame com broncodilatação é importante pois é um dos passos que ajuda a distinguir entre a DPOC e Asma, outra doença obstrutiva respiratória.
O valor de FEV1 após broncodilatador é um dos melhores fatores preditivos de prognóstico a longo prazo, sendo por isso bastante importante para o seu médico avaliar a evolução da doença.
Como se faz?
O exame é realizado por um cardiopneumologista, que é o técnico de saúde especializado na realização das provas de função respiratória, entre outras. Será este profissional o responsável por receber e acomodar a pessoa, e de seguida procede a:
- Medir o seu peso e altura. É realmente importante saber estes dados para averiguar quais são os valores espirométricos normais para si, que dependem de muitos fatores como a idade, peso, sexo e raça. Sem esta informação podemos estar a compara-lo com os valores de uma pessoa com 2 metros e 100 kilogramas e o leitor mede 1,59 cm e tem 49 kilogramas.
- História clínica. O técnico irá perguntar-lhe se fuma ou não, a sua profissão ou se existe algum contato profissional de risco, outras doenças que tenha (como uma pneumonia ou tuberculose), a medicação habitual e os sintomas, entre outras perguntas. Este passo é importante para excluir contraindicações ao exame, como uma infeção respiratória ativa ou um enfarte do miocárdio recente.
- Depois, irá ficar sentado, com as costas direitas e será colocada uma pinça de borracha no nariz, para que respire apenas pela boca. Quando lhe disserem, deve respirar normalmente para um bucal (pequeno tubo de plástico) – ele é substituído para cada doente e por isso não se preocupe: não há perigo de transmissão de infeções.
- Depois irá ser pedido que encha o peito de ar o máximo que conseguir e soprar com toda a força possível, até deitar todo o ar fora. Depois, terá que encher novamente o peito de ar. A expiração deve durar pelo menos 6 segundos. Siga as instruções do técnico – ele está lá para o ajudar. Lembramos que apenas se estas manobras forem realizadas corretamente é que fornecem dados válidos para serem interpretados pelo médico. Aqui, um segundo a mais ou a menos faz toda a diferença.
- Vai ter que repetir pelo menos 3 vezes este processo. Isto tem uma razão de ser: temos que ter a certeza que os valores são reprodutíveis, ou seja, que em cada medição o fluxo é mais ou menos semelhante. Só assim o exame pode ser validado.
Precisa de fazer alguma preparação?
Uma das perguntas mais frequentes nas pessoas a quem pedimos para realizar uma espirometria pela primeira vez é se é necessária alguma preparação especifica para o exame.
De um modo geral, e apenas para que os valores sejam os mais verídicos possíveis, solicita-se normalmente a suspensão de alguma medicação, principalmente a que esteja relacionada com a patologia respiratória, nas horas que antecedem o exame, para não influenciarem os resultados:
- Evite beber café, chá ou chocolate nas horas anteriores ao exame.
- Se ainda fuma, evite o cigarro no dia do exame.
- Não fazer exercício intenso até 2 horas antes do exame.
- Não venha em jejum – tome o pequeno-almoço, mas sem exagero.
Existem contra-indicações?
Ainda que seja muito raro, por vezes uma pessoa não tem condições para poder realizar este exame, apesar de ser um teste não invasivo e simples. Mas a verdade é que em certas situações não se aconselha a realização deste teste, sejam elas de origem respiratória ou não.
Não deve fazer o exame caso se encontre constipado ou com gripe. No caso de uma infeção respiratória, tal como uma pneumonia, só poderá fazer o exame pelo menos uma semana após terminar o antibiótico.
Existem outras situações que podem impedir a realização do exame, nomeadamente, uma história de enfarte do miocárdio recente, pessoa em pós-operatório, entre outras. Não nos devemos esquecer de que pessoas que tenham dificuldade de compreensão, deficiência mental ou que estejam bastante agitadas ou irritáveis poderão não conseguir realizar este exame, porque não vão conseguir colaborar com as indicações dadas pelo técnico.
A Pletismografia
Outro exame importante numa pessoa com a DPOC é a Pletismografia, um teste de função pulmonar que avalia com maior detalhe os volumes pulmonares.
Este exame permite outro tipo de informação e um conhecimento mais aprofundado do que o obtido unicamente com a espirometria, que apenas determina os débitos de ar e não a quantidade de ar que está no pulmão num determinado momento, seja quando faz uma inspiração completa, uma inspiração normal ou o que resta quando tenta esvaziar a quantidade máxima de ar possível.
Este teste é realizado com a ajuda de um pletismógrafo que é uma cabine totalmente fechada, dentro da qual a pessoa vai fazendo movimentos respiratórios, de acordo com as indicações do técnico, e que permite determinar os volumes pulmonares e a resistência das vias aéreas.
Só com a Pletismografia se consegue saber se existe realmente ar “preso” dentro dos pulmões, avaliando para isso a Capacidade Pulmonar Total (o máximo de ar que o pulmão consegue acomodar) e o Volume Residual (o ar que fica no pulmão após a expiração completa). Na DPOC estes valores estão aumentados devido ao excesso de ar que fica retido nos pulmões no final da expiração, principalmente se esta estiver associada à presença de Enfisema Pulmonar grave.
O exame tem a duração aproximada de 30 minutos e algumas pessoas podem sentir claustrofobia dentro da máquina, o que pode prejudicar a realização do exame – antes de começar converse com o técnico que o ajudará a acalmar e a colaborar eficazmente.
Pode ser ainda realizada o teste da Difusão de Monóxido de Carbono: avalia a eficácia das trocas gasosas. Geralmente está diminuída na DPOC, principalmente se existir Enfisema Pulmonar. É realizado através de manobras respiratórias, com um aparelho com um bucal, e normalmente faz-se na continuação dos exames anteriores.
A Prova da marcha dos seis minutos
Os médicos sabem que a influência da doença na capacidade de a pessoa viver o seu dia a dia é demasiado grave para ser ignorada, por isso os testes de exercício podem fornecer informações muito úteis e complementarem o exame de função respiratória em repouso. No fundo, dão mais pormenores sobre o verdadeiro impacto doença ao avaliar todas os momentos da vida de uma pessoa.
Mas não se preocupe que não é nada de complicado, e tal como o exame anterior, a Prova da Marcha de 6 minutos é um exame simples e não invasivo, que permite a avaliação objetiva da sua capacidade física funcional, sendo que apenas terá de percorrer a distância máxima que conseguir até 6 minutos, caminhando numa superfície plana e estando sempre vigiado por um profissional de saúde.
O teste da Prova da Marcha de 6 minutos está especialmente indicado nas pessoas com DPOC, pois reflete a tolerância da pessoa para fazer face às atividades diárias mais exigentes e que podem provocar mais dificuldade na sua realização. O resultado deste exame permite perceber se a função pulmonar consegue suportar e facilitar a realização das rotinas mais ou menos exigentes, levando a adoção de um plano ou de medidas que possibilitem contornar esses obstáculos.
Também permite que o seu médico avalie o efeito que a terapêutica, sejam os medicamentos, cirurgia ou a reabilitação tiveram na evolução da doença, sendo uma das formas que temos para vigiar a DPOC. É igualmente um exame importante porque permite perceber qual o risco do doente na realização de uma cirurgia pulmonar complexa, como o transplante pulmonar. Por fim, é fundamental para estimar o prognóstico da doença.
Como se faz?
Tal como acontece na Espirometria e outras provas funcionais respiratórias, também este exame é realizado sob observação direta de um cardiopneumologista. Utiliza-se geralmente um corredor do Hospital, com 2 marcas ou cones (um em cada extremidade do percurso), afastados entre si por uma distância de 30 metros.
- O técnico vai recebê-lo e explicar-lhe como funciona o exame e esclarecer as suas dúvidas. Além disso, procede à medição do seu peso e altura; regista a sua medicação habitual, e avalia a necessidade da utilização de oxigénio durante o teste e/ou o uso de auxiliares de locomoção, como muletas.
- Antes do teste, deve estar em repouso, preferencialmente sentado e descansado, durante pelo menos 10 minutos. Nesse período são avaliadas a saturação periférica de oxigénio, a frequência cardíaca e a pressão arterial.
- Antes de iniciar a marcha, vai ser questionado sobre a sua sensação falta de ar e cansaço, utilizando uma escala específica para o efeito.
- Dá-se início à contagem do tempo e será convidado a iniciar a sua marcha, percorrendo o trajeto determinado o maior número de vezes possível, durante 6 minutos.
- Nesse intervalo de tempo, poderá andar mais devagar, parar e descansar, no caso de precisar. Contudo, o cronómetro não parará, pelo que deverá retomar a marcha logo que possível.
- Durante a prova estará sempre acompanhado pelo cardiopneumologista, que lhe dará informações como o tempo disponível e estará preparado para agir caso tenha alguma dificuldade.
- No final do teste são novamente avaliadas a saturação de oxigénio, a frequência cardíaca e a pressão arterial, bem como a sensação de falta de ar.
- É calculada a distância percorrida.
O doente percorre a distância entre 2 marcas durante 6 minutos, estando sempre a ser controlado e incentivado pelo técnico. Ao longo do tempo irá responder a perguntas simples para avaliar o esforço e o cansaço.
Existe preparação?
Recomenda-se:
- Usar roupa confortável e calçado adequado – assim vai poder caminhar à vontade, sem dores e sem provocar lesões musculares.
- Não interromper a medicação habitual, salvo indicação da parte médica. A não realização do tratamento de controlo vai de certeza diminuir a capacidade respiratória e por isso afetar os resultados desta prova.
- Não realizar atividade física vigorosa até 2 horas antes do exame – se estiver cansado, pode alterar o rendimento durante a prova e dar uma sensação de que esteja pior do que efetivamente está.
- Utilizar os auxiliares de marcha habituais (bengala/canadiana) – o nosso objetivo é avaliar o seu desempenho no dia-a-dia, pelo que se anda com bengala na rua, na prova também deverá usar.
- Não necessita de qualquer aquecimento.
- Não venha em jejum. Deve fazer uma refeição ligeira – precisa de ter energia para caminhar!
- Se tem indicação para fazer Oxigénio portátil leve o aparelho consigo.